Alceu Valença celebra sucesso entre jovens: “Mais views que Bob Dylan”
Cantor pernambucano se apresenta neste sábado (27/8) no Arena BRB. Zeca Baleiro também fará show no evento
Com 76 anos de vida, mais de 50 deles dedicados à música, Alceu Valença atravessou gerações com sua obra e, recentemente, viu canções que são símbolos da carreira conquistarem números cada vez mais expressivos no YouTube. Só o vídeo com a capa do álbum 7 Desejos e o áudio de La Belle De Jour soma mais de 6 milhões de visualizações na rede social. Anunciação, outro clássico do cantor, ganhou novas batidas com assinatura do DJ José Pinheiro, o Jopin, provando que o hit 1983 é, de fato, atemporal. “Não tem como explicar o viral, não é?”, comenta Alceu, em entrevista ao Metrópoles. Ele destaca que hoje tem mais views que astros da música pop: “Paul McaCartney, na carreira solo, Steve Wonder, Bob Dylan, Iron Maiden. Uma coisa absurda”.
O sucesso não é só na internet. Ícone da música nordestina, Alceu tem atraído jovens para suas apresentações pelo país e fora dele. No show que fará neste sábado (27/8), na Arena BRB, no qual também se apresenta Zeca Baleiro, ele espera um público com média de idade de 25 anos. “Tem muita gente que me conheceu agora porque as plataformas digitais, as redes [sociais] todas, fizeram um trabalho de democratização da música de todas as regiões, de todos os países”, atribui Alceu.
Apesar dos resultados positivos que conquistou na web, Alceu destaque que nem tudo são flores, principalmente quando o assunto é direitos autorais. “Eu sou uma pessoa que sobrevivo fazendo shows, mas existem compositores que não cantam e fizeram a musica. Esse cara não tá ganhando nada, porque hoje pegam a música dele na internet e usam de tudo que é jeito. Antigamente era diferente”, pondera.
“Não acompanho nem eu mesmo” Embora faça sucesso entre os mais jovens, Alceu revela que não tem o hábito de ouvir música, o que o impede de acompanhar o trabalho de artistas da nova geração da música brasileira. “Eu não acompanho nem eu mesmo, minha amiga. Entro muito pouco na internet e não ouço música. Eu gosto de palco, de cantar”, destaca.
“É o reflexo da minha criação. Quando eu era bem pequeno eu ouvia música no alto falante ou na vitrola do meu avô, aquilo que ficou no HD da minha memória. Papai descobriu que eu tinha jeito pra musica e ficou com medo. Achava que viver de arte era muito difícil e ele tinha razão. Ele me deu um violão mas eu só fui ter uma radiola depois que passei no vestibular de direito. Ainda assim, não ouvia música. Delminha [irmã de Alceu] era quem comprava os discos”, recorda o pernambucano. Para além do hábito, falta tempo para conhecer novos intérpretes. Nessa sexta-feira (26/8), Alceu lançou o volume II de Valencianas, com a Orquestra de Ouro Preto. O repertório do projeto reverencia os clássicos da canção nordestina presentes na obra do compositor pernambucano e seu diálogo com outros gêneros, como o fado e a bossa. Antes disso, lançou uma nova versão de Pagode Russo e realizou turnê com 12 shows em oito cidades europeias — é a mesma apresentação que os brasilienses verão neste sábado. “Não deu tempo de ensaiar mais nada”, diz.
Neste sábado, no Mané Garrincha, Alceu e Zeca vão cantar em momentos distintos. No repertório de Valença não vai faltar os sucessos como Anunciação, Coração Bobo, Papagaio do Futuro, Tropicana, entre outros. Ele canta ao lado de Leo Lira (guitarra), Tovinho (teclados), André Julião (sanfona), Nando Barreto (baixo) e Cássio Cunha (bateria).
Já Zeca deve apresentar hits da carreira como Flor da pele, Babylon, Quase Nada e outros. No show, ele estará acompanhado de Tuco Marcondes (guitarra e vocal) e Rogério Delayon (guitarra e vocal), amigos com quem tem dividido palcos e estúdios.
Fonte: Ranyelle Andrade/Metrópoles