Brasil vive alta de atentados em escolas e creches desde 2017

Desde 2022, o Brasil já registrou pelo menos 25 atentados a creches e escolas; 72% deles aconteceram a partir de 2017

Nas últimas duas semanas, os brasileiros observaram o que parecia uma réplica infeliz da mesma notícia. Ataques criminosos em escolas e creches passaram a ser exibidos pelos veículos de imprensa do país. A sensação de alarde, porém, não é por acaso. Desde 2002, foram registrados 25 atentados cometidos nesses espaços. Desses, 72% aconteceram de 2017 até agora.

Os dados somam informações coletadas pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e números mapeados pelo Metrópoles.

Ao todo, são 18 casos registrados em pouco mais de 6 anos, em estados como Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. O último episódio ocorreu em Blumenau, no Vale do Itajaí (SC), nessa quarta-feira (5/4), quando um homem de 25 anos invadiu a creche Cantinho do Bom Pastor e matou quatro crianças com um machadinho.

Imersão perigosa

Diante da escalada de violência observada, a reportagem conversou com especialistas em educação, psicologia e segurança pública para entender os principais motivadores por trás da onda crescente.

Cléo Garcia, pesquisadora responsável pelo levantamento da Unicamp, aponta que, mais do que o bullying e os conflitos domésticos, a imersão de adolescentes e jovens na internet contribui para o aumento dos números.

“Nós não dizemos que os jogos virtuais, por mais violentos que sejam, levam a esse tipo de ataque. Na verdade, é o acolhimento que o adolescente não teve aqui fora, seja na vida pessoal, escolar ou familiar, e que ele encontra em comunidades que chamamos de ‘comunidades mórbidas’”, explica Garcia.

Gabriel Bandeira/Bernardo Lima - Metrópoles

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