Donos do próprio show: artistas criam eventos autorais em busca de autonomia
Artistas de diferentes segmentos musicais começam a investir na produção de eventos e festivais próprios para ter mais liberdade criativa
Os festivais culturais são parte importante da música brasileira por reunir diferentes artistas e estilos em um mesmo lugar. Atualmente, esses eventos continuam a existir, mas começam a ganhar uma nova configuração, com os artistas assumindo o controle da produção para ter mais autonomia criativa.
Por vários anos, os cantores ficaram dependentes das vontades dos contratantes para a produção de shows pelo Brasil, sem a liberdade para definir as questões que envolvem a montagem de um festival. Esse foi um dos fatores que levaram ao surgimento projetos como o Buteco, do Gusttavo Lima.
O movimento da música sertaneja está cada vez mais autônomo nesse sentido, com vários formatos sendo criados pelos artistas. Para além do Buteco, outro evento que tem se destacado é o Luan City Festival, no qual Luan Santana explora novas sonoridades e relembra sucessos da carreira.
O Festival Surreal, em que a dupla Henrique & Juliano leva convidados em turnê pelo Brasil.
“Criar um projeto com a nossa identidade é algo muito especial, ter a opção de realmente fazer com que o nosso público viva uma experiência inesquecível é muito gratificante. Desde o início sempre sonhamos não só em viver da música, mas principalmente viver a música”, explica a dupla sertaneja, que assumiu a gerência da carreira recentemente.
Sucesso nacional
O Desmantello do Nattan, criado pelo cantor Nattan, também está em alta. Com 24 anos de idade, o artista é um dos fenômenos do forró na atualidade e realiza shows de até 5 horas, com convidados e atrações especiais pelo Brasil.
Outros artistas de estilos populares também adotaram o formato e criaram marcas registradas com os festivais. É o caso de Tardezinha, do cantor Thiaguinho. Ao todo, o pagodeiro realizou mais de 200 edições do evento desde 2015. Depois de formalizar o projeto em um DVD no Maracanã em 2019, retornou à ativa em 2023.
Ainda no pagode, lembrando de grupos que saíram de Brasília para fazer sucesso nacionalmente, o Menos é Mais criou o Churrasquinho do Menos é Mais, que está rodando o Brasil, e o Di Propósito criou o Encontrin. Os dois são originados de projetos que fizeram sucesso nas plataformas digitais e tiveram demanda para se tornar um evento.
Vinícius Veloso - Metrópoles