La Casa de Papel provou que séries locais podem virar sucesso mundial
A trama, criada para o público Espanhol, tornou-se uma febre mundial e fez com que a Netflix investisse em produções locais
Não é segredo para ninguém que a série La Casa de Papel, que chegou ao fim nessa sexta-feira (3/12) com o lançamento da segunda parte da 5ª temporada, é um sucesso mundial. Com seu enredo surreal e macacões vermelhos que viraram uma febre, o drama espanhol abriu as portas da Netflix para um universo ainda a ser desbravado pela plataforma mundial. Além de invadir o coração dos fãs dos ladrões mais conhecidos do momento, a trama de Álex Pina mostrou ao streaming que não são apenas produções americanas poderiam conquistar o público.
Criada inicialmente para a emissora Antena 3 da Espanha e planejada como uma série limitada, a popularidade mundial de La Casa de Papel chamou atenção do serviço de streaming, que a adquiriu e passou a transmiti-la em dezembro de 2017.
E essa foi a melhor decisão da Netflix. La Casa de Papel logo se tornou a série com outro idioma que não o inglês mais assistida do serviço, e ultrapassou, em abril de 2018, o sucesso de Stranger Things. O estouro da trama também levou o streaming a assinar um acordo de produção global com Pina, que retornou com outras tramas conhecidas – e amadas – pelo público. Os sucessos Vis a Vis e Sky Rojo, por exemplo, são do diretor.
Apesar de tudo, a série espanhola não foi a primeira de língua não-inglesa a fazer sucesso na Netflix. A trama brasileira 3% estreou em 25 de novembro de 2016, mais de um ano antes de La Casa de Papel, e fez tanto sucesso que o streaming decidiu lança-la também fora do Brasil.
Dados divulgados pelo próprio streaming em 2017, mostram que, quatro meses após o lançamento, espectadores na Austrália, Canadá, França, Itália, Coréia do Sul, Turquia e Estados Unidos, entre outros países, se juntaram aos brasileiros para saber quem chegaria ao Maralto. Naquele ano, a trama, criada por Pedro Aguilera, se tornou a série de língua não-inglesa mais assistida em território americano.
Como base de comparação, La Casa de Papel elencou o Top 1 de 75 países apenas 24 horas após o lançamento da primeira parte da quinta e última temporada da trama, de acordo com dados divulgados pelo próprio streaming.
Pós-La Casa de Papel
E foi a partir do sucesso do momento que a Netflix entendeu que poderia ampliar seus horizontes e produções locais poderiam se transformar em sucessos mundiais. Um dos grandes sucessos do streaming, inclusive, é Dark, que estreou em 1º de dezembro de 2017. No site Rotten Tomatoes, a série alemã ganhou o nome de “Melhor Série Original da Netflix” em 2020, com mais de 2,5 milhões de votos.
Vis a Vis (Espanha), Elite (Espanha),Lupin (França), Sex Education (Reino Unido), The Rain (Dinamarca), Anne With an E (Canadá), As Telefonistas (Espanha), The Crown (Reino Unido) e outras também fizeram sucesso, provando, mais uma vez, que não são apenas produções americanas que viram febre entre o público.
E foi nessa vibe que a série sul-coreana Round 6, que conquistou o título de produção mais assistida da gigante do streaming, foi um arrombo. A série se tornou a produção do streaming mais pesquisada no Google nos últimos 12 meses. De acordo com dados do Google Trends, o interesse pelo título superou as buscas por Stranger Things, Bridgerton e La Casa de Papel.
Após o sucesso da produção, a Netflix, com intenção de fidelizar o público, anunciou outras três produções coreanas, que chegaram à plataforma em novembro.
A Netflix, então, uniu o útil ao agradável e anunciou que a bem-sucedida La Casa de Papel vai ganhar uma versão coreana. O ator Park Hae-Soo, o Cho Sang-Woo de Round 6, foi apresentado como um dos astros da nova produção. “Na versão coreana, também temos uma máscara especial. Quando a gente revelar, no ano que vem, vou dar uma de presente para o Pedro. Para mim, é uma honra participar de uma série tão maravilhosa”, disse Hae-Soo.
Os fãs de La Casa de Papel também não ficarão desamparados: a plataforma de streaming anunciou que irá expandir o universo da série espanhola com um derivado focado em um dos seus personagens mais populares, Berlim (Pedro Alonso).
Mais Brasil na Tela
O Brasil também não fica de fora das produções de sucesso da Netflix. Após o filme Tudo Bem no Natal que Vem, de Leandro Hassum, ter sido assistido em 26 milhões de lares em todo o mundo em seu primeiro mês de exibição, o streaming anunciou o Mais Brasil na Tela, projeto que visa valorizar produções nacionais.
O filme entrou para o TOP10 dos Estados Unidos e ficou 23 dias entre os mais vistos de Portugal – chegando a ser o quarto mais assistido em todo o planeta no fim de 2020. Pai em Dobro, protagonizado por Maisa Silva, ficou entre as 10 produções de maior audiência em 16 países.
Cidade Invisível, que aborda o folclore brasileiro em um thriller eletrizante, chegou ao TOP 10 de mercados importantes, como Estados Unidos, Canadá e Portugal. No Brasil, o seriado de Carlos Saldanha liderou o ranking da Netflix após o lançamento, segundo informações da FlixPatrol.
Em 2022 e 2023, o streaming vai lançar o streaming anunciou uma nova temporada de Sintonia, além da série Nada Suspeitos, com Fernanda Paes Leme, Maíra Azevedo, Gkay e mais no elenco. A plataforma também anunciou a minissérie Todo Dia a Mesma Noite, que conta a história real do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), em que 242 pessoas morreram em 2013. A série é baseada no livro da autora Daniela Arbex, que traz mais de 100 entrevistas com pessoas conectadas à tragédia.
Primeiro filme de ação brasileiro, Carga Máxima conta com Thiago Martins, Sheron Menezzes, Raphael Logam, Milhem Cortaz, Evandro Mesquita e Paulinho Vilhena no elenco.
Além disso, chegam à plataforma Biônicos, Cheguei! e Whindersson Nunes: É de Mim Mesmo. Os realitys Casamento às Cegas: Brasil e Brincando com Fogo: Brasil ganham novas temporadas.No âmbito da animação, estreiam Acorda, Carlo e o clássico O Menino Maluquinho.
Fonte: Juliana Barbosa/Metrópoles